quarta-feira, julho 28, 2004

 
Bota a cabra pra berrar
Bé, bé, be

M.
 
FORTAL
 
O Cid Carvalho, do Doa a Quem Doer, tava possesso de raiva hoje. E eu concordo com cada palavra dele. É um absurdo.

M.
 
O nome disso é Po e si a

 


segunda-feira, julho 19, 2004

O nome do cara é Elliot Smith.
 
M.
Vamos ver se consigo resumir o domingo inusitado.
Estava indo pro Shopping Aldeota. Parada da 13 de maio. Parangaba/Náutico. Subo, apesar de sempre preferir ir no Circular. Lotado, possivelmente a galera que vai pra praia do Náutico. Na parte de trás, antes de passar da roleta, algumas garotas; na parte da frente a outra parte do grupo, todos cantando músicas de uma torcida organizada. Um barulho infernal, mas estavam só se divertindo. Sento na frente, perto do motorista, que não parece estar muito confortável com a gritaria. Que acaba por se transformar numa balbúrdia dos infernos, com todos os palavrões oficiais registrados sendo proferidos no mais alto volume. O motorista levanta e vai em direção à traseira do ônibus. Vai dar merda, disse a madre superiora sentada ao meu lado. Fiz que sim com a cabeça e só escutei, sem olhar pra trás.
- (ler com voz de trovão) Isso aqui é um transporte coletivo, não é a casa de vocês, não. Se quiserem andar aqui vão ter que se comportar.
- (todos, ao mesmo tempo, em tom de deboche e ameaça) E o que é que tu vai fazer, má? Tu é doido, é, má?
- Eu levo vocês pra Delegacia, e é agora. E vou logo dizendo quem é que vai preso: você, você, você, você e as garotas aí atrás.
- Por vem, má! Tu num é doido não, má!
- Ah, não? Pessoal, dá licença só um instante.
Saiu da rota e foi em direção à delegacia mais próxima, perguntando a todos que via na rua a localização exata do 4º distrito. Eu nunca vi uma torcida tão calada em toda a minha vida. É organizada mesmo.
 
M.

terça-feira, julho 13, 2004

RARIDADE

Não sei se isso é real. Mas só a suspeita já me deixou nervoso. Tremo nas bases só de imaginar o dia.
O áudio está comigo e é relativo a isso aqui:

This is a historic recording captured by Bob Molyneux on a reel-to-reel tape.
John Lennon and the Quarrymen performing "Puttin' On The Style" by Lonnie Donegan at the
Woolton Village Fete on 6th July 1957
- the day that John Lennon first met Paul McCartney


M.
SHOW COM ARNALDO ANTUNES E BANDA
ABERTURA LOCAL: TEÓFILO.
DIAS: 17 E 18 DE JULHO - SÁBADO E DOMINGO
HORA: 21H NO SÁBADO E 20H NO DOMINGO
LOCAL: ANFITEATRO DO CENTRO DRAGÃO DO MAR DE ARTE E CULTURA
INGRESSOS: R$ 14,00 (INTEIRA) E R$ 7,00 (MEIA)
+ 1 KG DE ALIMENTO NÃO PERECÍVEL OU R$ 1,00
INFORMAÇÕES: 488-8600

ps.: eu tenho o set-list, hehe.

M.

segunda-feira, julho 12, 2004

Lênin and McCartney

Liverpool, começo da década de 60. Dois jovens proletários chegam a um ponto crítico em suas vidas. Precisam decidir se entram para valer na ala esquerda do movimento trabalhista ou formam um conjunto de rock. Paul McCartney tenta convencer seu amigo John Lenin que o rock tem mais futuro do que uma Inglaterra socialista. Lenin insiste:
- Na política podemos transformar o mundo. Com o conjunto de rock nunca seremos nada a não ser um conjunto de rock. Não transformaremos coisa alguma.
- Quem sabe? -diz Paul, dedilhando seu baixo. - Como é mesmo aquela canção que você fez para o sindicato, a que termina com "e os patrões para o cadafalso"?
- "It's been a hard day's work..."
- Essa. Eu pensei em mudar para "It's been a hard day's night"
- Isso não faz sentido, Paul.
- Por isso é que eu gosto. E no fim, em vez de matar os patrões, a gente podia falar de amor. "You make me feel all right", qualquer coisa assim.
- Mas tira todo o conteúdo político!
- É. E aquela sua outra música, "Quero segurar um estandarte vermelho..."
- O que é que tem?
- Mudei para "Quero segurar a sua mão".
- Ah, ótimo. Isso vai revolucionar o mundo. Já posso ver as massas oprimidas marchando e cantando: "Quero segurar a sua mão..."
- Yeah, yeah, yeah.
- Sei não...
- Yeah, yeah, yeah, John!
- Está bem.

Formam o conjunto. Mesmo depois do sucesso, Lenin não se convence. Ele e McCartney têm longas discussões sobre o que estão fazendo.
- Você não vê? - diz McCartney.
- Estamos mudando o jeito das pessoas pensarem!
- Até agora só mudamos o corte do cabelo delas.
- O cabelo, a mentalidade, o comportamento, tudo. Isso é que é revolução.
- Mas as estruturas sociais continuam as mesmas...
- "Help"!
- Não, é sério, Paul. Parece que tudo está mudando e tudo continua o mesmo.
No que interessa, nada mudou.
- Tudo mudou! Os jovens invadiram o mundo. Estão ditando as regras. Tudo que estamos dizendo é dêem uma chance à paz.
- Mas continua a exploração, continua a fome, continua a injustiça.
- O caminho é longo e cheio de voltas.
- É preciso mudar a sociedade de classes, as relações de produção...
- Let it be, John.

Corta para Zurique, 1917. Vladimir Ulianov, vulgo Lenin recebe a notícia de que os alemães permitirão que ele, a mulher e um pequeno grupo passem pela Alemanha num trem fechado e entrem na Rússia, onde a revolução está vitoriosa. Do grupo, fazem parte, entre outros, Zinoviev, Radek, Karpinsky e McCartney. Este é uma figura pouco conhecida com quem ninguém conversava muito. No trem, a caminho da estação Finlândia, de Petrogrado,e do seu encontro com a história, Lenin ouve de McCartney:
- Você tem certeza que é isso que quer?
- Mas que pergunta! É por isso que eu tenho lutado toda a minha vida.
- Você sabe, claro, que não teremos mais tempo para as nossas canções...
- Eu sei. Mas liderar a maior revolução social de todos os tempos é mais importante do que algumas boas rimas. Não é?
- Talvez.
- Por sinal, adaptei aquela sua canção "Hey Jude". Para usar na chegada. Ficou "Hey Kerensky"...
- Você sabe que vai ter que mandar matar gente, que cometerá injustiças. Pense no que isso fará com a sua alma.
- Minha alma é de borracha.
- Adeus para sempre, campos de morango.
- Eu sei. Mas vamos transformar o mundo.
- Você acha mesmo que conseguirá?
- Com um pouco de ajuda dos meus amigos.
- Mas nada, realmente, mudará.
- Tudo mudará.
- Ob-la-di, ob-la-da.
- O quê?
- Nada. Uma rima inconseqüente. Parem o trem que eu vou descer.
- O trem não pode parar, Vem comigo, McCartney.
- Não.
- We can work it out.
- Não.
- Com a minha careca, não faríamos sucesso na música. Vem.
- Sei não...
- Ya, ya, ya, Paul.
- Está bem, John.

Luis Fernando Veríssimo

sexta-feira, julho 09, 2004

Queria poder resolver tudo. Do jeito que tinha de ser.

M.
O tempo é um troço estranho. Muito esquisito. Os dois. O da chuva e do sol e o do relógio.
Acho até que já falei disso aqui.
Estranho.

M.