quinta-feira, setembro 26, 2002

O BUMERANGUE

Eu sempre gostei de bumerangues. Sempre fui intrigado com essa história do troço dar aquela volta toda e voltar pra mão do atirador.
Um tio meu também adorava bumerangues. Ele possuía vários em casa, alguns pequenos, outros grandes, todos para destros. Um dia ele me deu um profissional, que também servia para canhotos. Lindo. Vermelho.
Ele me contava uma história interessante: pelo menos na época, segundo ele, o maior especialista em bumerangues no mundo era um brasileiro. Quando encontram um bumerangue com alguns milhares de anos na Austrália - terra que, como se sabe, ou pelo menos segundo o Mad Max, é a pátria dos bumerangues - chamaram o tal rapaz para fazer o lançamento. Ele jogou, com a inclinação de 45 graus, vento no rumo certo e tudo. Não, o bumerangue não voltou. O tal rapaz pôs-se no chão, a chorar. Como ele, o melhor, tinha errado de tal grave maneira?
Foram pegar o bumerangue de volta. Ele olhou atentamente. É, era pra canhoto. Ele jogou com a mão esquerda e o troço fez a volta no ar e voltou pra mão dele.

Voltando. Fui pra um lugar bem aberto (uma fazenda, pra ser mais exato), todo faceiro. Meu irmão pediu pra jogar antes. Tudo bem. O máximo de esforço que ele teve de fazer foi dar um passo para o lado. Pronto, bumerangue na mão. Minha vez. Ainda não. Um amigo queria jogar antes. Tudo bem. Ele joga. Câmera lenta. Eu vejo que ele joga com o vento correndo do lado errado. Melhor, o vento sempre corre do lado certo, ele é que estava do lado errado. Mas foi tudo muito rápido. O bumerangue foi. E vinha voltando, só que se aproximando cada vez mais do chão. Murphy, sacana, tinha passado por lá pela noite anterior e pôs uma pedra no chão. Pequena. Mas o bastante para abrigar a queda do meu bumerangue. Que partiu-se em dois.
Guardo as partes até hoje. E eu nunca joguei!

M.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial